A viagem ia bem e eu já havia dormido as primeiras duas horas. Assim que acordei, fui andando até o vagão do restaurante onde pedi ao garçon um hamburguer com bacon e uma cerveja, brahma. Ele me disse que não vendiam cerveja e então eu pensei e resolvi querer um suco de acerola. Natural. Só havia suco de garrafa e então eu disse ok.
As poltronas do restaurante eram verdes de um acolchoado mais confortável que as outras. Era muito melhor ficar ali, com as janelas livres e com ar condicionado. Só tinha eu e quatro freiras à minha frente no vagão.O trem estava deixando Retiro Saudoso e havia o Rio Piranheiras que estava ali na janela desde o início da viagem. Estava azul até, e cheio. A luz de fim de tarde batia nas montanhas e as deixavam bonitas, mais verdes e o céu estava limpo de nuvens.
As freiras eram senhoras mas havia uma novinha de seus 20 anos de idade, era uma índia apagada por roupas cinzas de castidade. Conversavam contidas rindo só com um traço discreto na boca. A índia era a que menos achava graça mas era também a única que tinha graça.
Me empenhei em flertá-la. Ela na sua ingenuidade falsa não me olhava nunca mas já havia notado minha insistência de velho galanteador. Não acreditava de forma alguma em sua pureza e meu palpite era que até o fim de meu suco de acerola, ela ainda levantaria a saia até os joelhos, discretamente só pra eu ver e depois me daria o sinal para nos encontrarmos no banheiro. Meu sonho de muleque.