sábado, 28 de março de 2009

Vitóriazinha do meu coração

Sim, fiz uma boa viagem. Não vi nenhum acidente acontecendo, nem bandidos cariocas tentaram botar fogo em nosso ônibus ( até porque se tivessem tentado, com certeza teriam conseguido.) Ninguém sentou ao meu lado na poltrona: pude esticar as penas e me utilizei de dois cobertores e dois travesseiros para tentar dormir de uma maneira minimamente confortável: não era um Leito. Da última vez que fiz essa viagem de ônibus, São Paulo-Vitória, sentou-ao meu lado um homem comum que acreditava em Deus e tinha medo de morrer. Plenamente compreensível. Tentava manter um diálogo duradouro comigo, mas eu logo encontrei um jeito de despista-lo. Desta vez, sentou um homem de seus 50 anos a minha frente, que passou a viagem inteira oferecendo-me seu mp3. Talvez estivesse pensando que aquela minha cara inchada, e os olhos de peixe-morto fossem sinal de insonia, tédio. Pensou então em me oferecer um passatempo: ouvir música em seu aparelho que parecia um Ipod, mas não era. Que tipo de musicas haveriam de ter na playlist daquele sujeito? Não pude descobrir, pois não aceitei. No ônibus ainda havia um jovem franciscano com cara de carrasco, uma moça paulistana que tossia como alguém que fuma há 50 anos, uma serjipana que passou quase que metade da viagem aconselhando sua amiga, ao telefone, de que ela deveria trocar de emprego.

E então eis que atravessamos a velha ponte, chegamos na ilha, que apezar dos carros e das pessoas passeando por aí, me pareceu mais uma ilha-fantasma, com suas lojas falidas, seus prédios abandonados de marquizes segurando-se as pontas para não desmoronarem. O Palácio do Governo precisa de uma mãozinha de tinta. A Mesbla foi fechada pela polícia Federal; o presidente da câmara tá fazendo uma festa lá dentro com nosso dinheiro; Minha avó chorou quando me viu e meu avô pensa que eu moro no Rio de Janeiro. É, dizem que eu estou em casa.

5 comentários:

Polly disse...

A Mesbla ainda existia em algum lugar?
Quando as coisas são colocadas no diminutivo, sem pejorativo, sinto que estão maisperto do coração. Zinho.

Marta Z. Hiraoka disse...

que bonito. faz mal?

Welker disse...

Que bonitinho... "De Volta Pra Minha Terra"

Ah, meu avó paterno insiste em me chamar de Alex.

Cecília disse...

sempre bom voltar pra casa (:

Lee disse...

talvez eu viaje de trem sexta feira..
sinto saudade da segurança e do minerio.

bjus